Carta ao Presidente Lima Neto

Sindicato dos Bancários de Brasília - Carta ao Presidente Lima Neto

13/04/2007

Senhor Presidente Lima Neto,

Sua carta aos funcionários publicada na última edição da revista bb.com.você nos motivou publicar essa resposta.

Acompanhamos as publicações internas de todas as instituições do sistema financeiro nacional. A nossa primeira observação é que sua carta guarda uma imensa similaridade com as mensagens dirigidas por Márcio Cypriano aos bancários do Bradesco ou as de Roberto Setúbal endereçadas aos funcionários do Itaú.

O senhor elogia o esforço dos funcionários nos resultados do banco, mas não gasta uma palavra sequer para tratar dos problemas graves de interesse imediato dos bancários, que são do seu conhecimento: a implantação do novo PCC/PCS, o assédio moral e as metas abusivas, as condições de trabalho insuportáveis nas dependências, a isonomia de direitos entre antigos e novos funcionários, as pendências antigas na Cassi e na Previ que nunca se resolvem de forma definitiva.

Tão preocupante quanto a ausência de atenção aos problemas do funcionalismo é a visão que o senhor transmite sobre o papel do Banco do Brasil no sistema financeiro nacional, o que certamente afeta a relação com os funcionários.

O senhor resume a atuação do BB à disputa com a concorrência na busca por “novas áreas, nichos de negócios e alternativas para conquistar clientes, diversificar e aumentar as carteiras de crédito e lançar novos produtos, principalmente porque não existem grandes diferenças na prateleira do mercado bancário”.
É também assim que Márcio Cypriano e Roberto Setúbal definem a atuação do Bradesco e do Itaú e buscam o comprometimento de seus trabalhadores.

Claro que o Banco do Brasil tem que ter atuação comercial incisiva e disputar o mercado com os bancos privados. Mas é só para isso que existe o BB, cujo principal acionista é o povo brasileiro?

Por que não lançar mão “da rapidez e da criatividade na busca de soluções” a que o senhor se refere para que o BB reassuma o papel histórico de agente financeiro articulado ao esforço do governo para incluir milhões de brasileiros na estrutura produtiva e incentivar a geração de emprego e renda?

Por que o BB não age como moderador para reduzir as mais altas taxas de juros do mundo? Por que está ausente do processo de consolidação do Mercosul? Por que não amplia sua participação no comércio exterior, acompanhando as empresas brasileiras em seu processo de internacionalização? Por que não prioriza a integração de cadeias e arranjos produtivos locais e o desenvolvimento regional sustentável? Por que não incentiva o crédito como fator de inclusão social? Por que o banco não está alinhado com as ações do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)? Por que ficou fora dos programas do etanol e do biodiesel?

Acreditamos que é isso o que o funcionalismo e a sociedade brasileira esperam do Banco do Brasil — e que seria o seu grande diferencial competitivo na disputa de mercado.

A propósito, convidamos toda a direção do BB para participar de um debate sobre o papel dos bancos públicos, seguido do lançamento do livro A Dualidade Contemporânea no Brasil – Estratégias para financiar um novo ciclo virtuoso e duradouro de crescimento, de autoria de Cézar Manoel Medeiros, antigo colega seu que coordenou o processo de conglomeração do BB após o fim da conta-movimento. O debate será no dia 24 de abril, às 19h, no Teatro dos Bancários.

Atenciosamente,

A Diretoria do Sindicato




Powered by ScribeFire.

Comentários

Postagens mais visitadas