Remuneração Variável: da crítica ao debate

Bom começo.
Debate com companheiro Clecio Morse do Sindicato dos Bancarios do Ceará, militante da CSC, contrário a contratação da remuneração variável neste ano e sobre o qual sou favorável a contratação conforme deliberado na Conferência Nacional. Importante para que os companheiros(as) que fazem a análise política dos temas dos trabalhadores se posicionem. Opine. Garanto que opinarei após esta postagem que reproduzo do valorozo companheiro.

Segue:

Salário digno, socialmente responsável.
Não ao assédio moral e as metas.


O objetivo elementar do movimento sindical bancário deve ser discutir o papel do sistema financeiro, e secundariamente, à luz dos impactos para a sociedade, discutir os direitos da categoria e a formação de remuneração (fixa e variável).

Considerando que vivemos num sistema capitalista, temos que admitir a ocorrência do processo de lucro das empresas, devendo cobrar a contrapartida, a fim de alcançar o equilíbrio na distribuição das riquezas produzidas pelos bancários. E o mais importante: não podemos, contraditoriamente, contratar Remuneração Variável sobre os títulos abstratos (capitalização, seguros etc). Pelo contrário, deve-se motivar a categoria a valorizar a concessão de créditos, bem como os mecanismos financeiros que auxiliem a construção dos meios de produção (terra, máquinas).

Por ocasião da 9ª Conferência Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro autorizou-se a contratação da Remuneração Variável - que é a parte do salário que depende do alcance de metas ou resultados. Usando dos conceitos básicos da matemática depreende-se que a RV aprovada para figurar na Minuta da Categoria não atende aos princípios basilares da matemática porque (não pertence) a legitima reivindicação da classe trabalhadora, visto que está (contida) na lógica da concentração de renda e do acúmulo de capitais do sistema financeiro. Dessa forma, faz-se necessário construirmos um sistema financeiro que não esteja com o conjunto (vazio) no que se refere ao retorno social, que deveria ser regulamentado em Lei. Isso para possibilitar o financiamento de habitação, saneamento e infra-estrutura industrial e comercial, dentre outros.

Nesse momento, cabe destacar que a posição defendida na ultima Conferência Nacional, pela força majoritária e aprovada por sua maioria, contraria o pensamento ora exposto. Contudo, trazer essa discussão a lume não se trata de “chorar o leite derramado”. Na verdade, trata-se de manter e, consequentemente, defender os princípios da luta dos trabalhadores no contexto da luta de classes. Sabe-se que é papel dos banqueiros flexibilizarem as formas de remuneração, que visam se locupletar na exploração ao bancário e a sociedade. Não cabe aos bancários serem sócios da especulação financeira. Não devemos, portanto, acreditar na lucidez da proposta de RV aprovada na Conferência Nacional, já que a mesma se alicerça no estabelecimento e conseqüente cumprimento das metas, que, segundo aqueles que a defendem, só não podem ser abusivas. Nesse momento, convém questionar essa interpretação. Senão vejamos! Como aferir abusividade das metas? Nós que somos céticos na defesa contra a contratação da Remuneração Variável, para efeito de ênfase, nos apropriamos da Gramática da Língua Portuguesa, servindo-se particularmente do substantivo abstrato, com o objetivo de traçarmos um paralelo com a nossa visão acerca das metas, tais como “amor” e “ódio”. Como dito antes, recorremos a essa comparação a fim de mostrar que não há como aferir uma subjetividade, que é o caso das metas.

Em face dos argumentos aludidos, confirma-se a necessidade da categoria manter-se nos trilhos da valorização do salário. Nessa contramão, nos deparamos com o pacote de reestruturação do Banco do Brasil, que visa à diminuição do seu papel social e o direcionamento para o mercado de venda de produtos financeiros, consolidando, desse modo, a visão mercadológica dos teóricos do “Estado Mínimo”, que busca apropriar-se e fortalecer as bases da Remuneração Variável (metas individuais), que sequer existia como atividade fim dessa conceituada Instituição Financeira, até então. Precisamos defender o nosso emprego, defendendo, igualmente, o sistema financeiro com papel social. Assim, XÔ! Assédio Moral, XÔ! Metas, XÔ! Exploração!

Não podemos perder de vista a importância das relações humanas, pois consideramos que a missão preponderante dos bancários é mirar o foco na sociedade em que estão inseridos, fortalecendo, dessa maneira, a categoria, que, a cada dia, os banqueiros mecanizam. Com essa noção, os bancários se distanciarão da ótica patronal que, enquanto sanguessuga, tem a visão dicotômica “clientes – usuários”, numa nítida distinção e subdivisão das classes sociais.

Com essas reflexões, buscamos alertar que compete aos bancários analisarem as propostas convencionadas e refletirem sobre todas elas, analisando a permanência ou não das reivindicações nos anos futuros.


POR CLÉCIO MORSE
Sindicalista militante da CSC

Informarei aos companheiros Serjão, Rafael e William, além obviamente dos companheiros da Contraf, Vagner e Cesar.

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