O eixo da estratégia eleitoral tucana: Enganar uma nação

José Serra: “o PAC é apenas uma lista de obras, a maioria das quais não saiu do papel, é um lista” (discurso de Serra aos empresários, durante sua visita a Minas).
José Serra: “Eu nunca diz que o PAC não saiu do papel. No Rodoanel, de cada 4 reais gastos para fazer a obra, 1 é do governo federal, não tenho problema em reconhecer” (Serra na entrevista com Datena ontem).
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“O mercosul é uma farsa que só atrapalha” (reproduzido por Valor dando conta da afirmação de Serra que vai acabar com o Mercosul).
“Não vou acabar com o Mercosul (entrevista de Serra à Folha 10 dias depois da declaração precedente).
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Serra é a favor da construção da usina hidrelétrica de Belo Monte. Ele já diz que é a favor do Bolsa-família e que o governo Lula é um bom governo. Ontem, no Datena, proclamou seu apoio a proposta do governo de reajustes dos aposentados.
“O pré-candidato à Presidência da República da oposição, José Serra (PSDB), apoiou a posição do governo federal quanto ao reajuste dos aposentados do INSS, a ser votado hoje na Câmara. “Eu apoiarei a posição do governo, que tem os números na mão”, afirmou Serra, durante o programa Brasil Urgente, apresentado por José Luiz Datena na Band TV.
O governo propôs alta de 6,14%, mas há uma acordo entre parlamentares para que o reajuste passe para 7,71%. “Se sou candidato a presidente, vou estar com as coisas na mão no ano que vem, quero que o governo atue com responsabilidade. Eu confio nisso, confio no Guido Mantega [ministro da Fazenda], é um homem responsável, e também que o presidente Lula saberá o que decidir melhor. De mim, só ouvirá elogio”, disse o pré-candidato tucano.”(Valor).
Enquanto dele só ouve elogio, os deputados dele, segundo O Globo, propõem demagógicos aumentos: “a oposição ameaça pôr em votação a extensão do reajuste de 9,67% dado ao salário mínimo para todas as faixas de aposentados”
Se trata da típica dupla linguagem, ditada pela determinação da oposição de realizar um “estelionato” eleitoral. Levar a população a votar no tucano, como se fosse a continuação de Lula e depois fazer o que a oposição apregoou todos estes anos, e que praticou onde e quando foi governo.
Por isso assistimos a esse espetáculo de farsa montado por José Serra, com grande cumplicidade da mídia. A pérola fica com Dora Kramer que dedica sua coluna hoje, à mudanças que estaria se exigindo por motivos eleitorais na personalidade de… Dilma!
No Valor, em artigo assinado palavra do gestor com o título “O mundo financeiro seguirá os empresários na eleição?” votando tucano, – o autor responde que sim – apresenta-se assim o motivo:
“José Serra transmite aos empresários (e para o mercado em geral) uma posição bem mais ortodoxa em relação ao lado fiscal, o que contrastaria com aquilo que deveríamos esperar de um possível governo Dilma; uma continuidade de política fiscal frouxa.”
Pouco importa se o candidato em questão, antes mesmo de ter começado a campanha eleitoral para valer, já tenha proposto o “inchaço” do Estado com a criação de mais dois novos ministérios. Mesmo a sua afirmação que ira renegociar os contratos -outrora motivo de inquietação com Lula- não provoca qualquer indagação. O mesmo acontece quando Serra proclama que vai continuar e ampliar o Bolsa-família e os elogios que pródiga ao aumento do salário mínimo.
Ninguém evoca o governo FHC, que contou com a participação de Serra, aumentando a carga tributária, os juros estratosféricos e o grau em que foi relapso durante anos sobre a questão da dívida e do superávit primário.
A questão está em outro lugar. É a questão da distribuição de renda, que um setor das elites querem ver “controlada” e limitada, para sustentar o “rigor fiscal”, sem ter que contribuir com qualquer contrapartida, ao esforço que exigem dos assalariados e dos mais pobres.
É o que o editorial de hoje do jornal O Globo, explica assim:
“Lula colocou em prática um entendimento de “Estado forte” — defendido pela candidata Dilma — cujo resultado tem sido o crescimento das despesas em custeio a taxas superiores às do PIB. E, pior, despesas que se eternizam; só podem, portanto, ser podadas pela inflação: salários de servidores, benefícios previdenciários e assistencialismo.” (O Globo – “As crises previstas por Ciro Gomes”).
Não, o entendimento de “Estado forte” não compactua com “crescimento de despesas de custeio”, nem com aquelas provocadas pela gigantesca dívida interna, que junto com a externa, serviram de alicerce a farra populista da paridade Real=dólar dos primeiros quatro anos do governo FHC. Acontece que essa “herança”, como muitas outras, não podem ser resolvidas por um passe de mágica e não deveriam ser resolvidas pelo esforço exclusivo dos mais pobres.
O Globo mistura no “custeio” gastos correntes da máquina, que podem ser contidos e com maior eficiência administrativa, com os serviços e conquistas sociais que o Estado garante, como aposentadoria ou o “assistencialismo”, com o qual O Globo designa os programas sociais e o Bolsa-família.
Por isso o verdadeiro programa de José Serra, diferente da propaganda enganosa, tem a marca do retorno do passado e da “confiança” – afiançada na experiência dos governo tucanos – que o Bolsa-família acabará podado (como acontece no Estado e na cidade de São Paulo); que os salários dos servidores serão reduzidos (como acontece com os professores, policiais e outros que ganham bem menos em SP que em Estados bem mais pobres); que a Petrobras perdera a preeminência conquistada no pré-sal e que a integração latinoamericana cederá espaço ao velho canto de sereia da parceria bilateral privilegiada com os EUA.
O que é um sinal dos tempos é que os defensores desse programa estejam obrigados a andar mascarados de progressistas e defensores do governo Lula, tamanha a impopularidade que sua plataforma de Estado mínimo e lucro máximo, alcançou no Brasil.
Por isso aqui no Brasil, a oposição não fala em “mudanças”, porque como constatou o Wall Street Journal um tempo atrás “os brasileiros querem mais, do mesmo”.
Para contrariar esse desejo dos brasileiros é que a oposição se fantasia de situação.O eixo é enganar uma nação.
Vai funcionar?
Por Luis Favre – Blog do Favre
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