Em plebiscito no Sindicato do Maranhão, maioria vota pela desfiliação da CUT

Em plebiscito realizado nos dias 24, 25 e 26 de maio, pelo Sindicato dos Bancários do Maranhão, a maioria dos votantes decidiu pela desfiliação formal da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Houve 1.855 votos favoráveis (68,98%) e 811 contrários (30,16%), além de 16 nulos e 7 em branco. A apuração ocorreu no dia 28 de maio.

O processo foi marcado por uma série de manobras por parte da direção do Sindicato, ligada ao Conlutas, Para Miguel Pereira, secretário de Organização do Ramo Financeiro da Contraf-CUT, "os problemas começaram já na decisão de realização da consulta aos bancários". Ela foi deliberada num seminário da diretoria do Sindicato. Além disso, não foram estabelecidas regras claras e democráticas para a disputa, permitindo a flagrante utilização da máquina do sindicato em prol da tese da desfiliação, defendida pela diretoria ligada ao PSTU e ao PSol.
Miguel lembra que há apenas três anos outro plebiscito fora realizado, quando ganhou a manutenção da filiação à CUT. "Mesmo assim, os dirigentes do Sindicato suspenderam os pagamentos à Central e não participaram de nenhum dos seus fóruns, descumprindo na prática a decisão da maioria dos bancários."
"Naquela ocasião, a assembleia que decidiu pelo plebiscito foi marcada com 60 dias de antecedência. As regras acertadas impediram a partidarização do Sindicato, que é um patrimônio da categoria e não de correntes políticas. Os espaços em sites e jornais foram divididos de forma equilibrada, a definição dos roteiros das urnas e dos mesários também foi feita de forma justa - exatamente o contrário do que aconteceu agora", compara Miguel. Para citar um exemplo do que ocorreu neste processo, a empresa de segurança contratada para a guarda das urnas também fornecia pessoal para trabalhar para a proposta de desfiliação.
Outra manobra foi o curto período para a campanha antes do plebiscito, prejudicando o debate. Além disso, a atual diretoria do Sindicato ao longo do mandato se pautou por manipular os fatos e mentir para os bancários sobre a atuação da CUT e da Contraf. "Isso prejudicou muito a oposição, emparedada pela utilização da máquina por parte da direção do Sindicato. Ainda assim, 30,16% dos votantes escolheram a permanência na CUT", ressalta Miguel.
"Com esse tempo escasso, não conseguimos mostrar toda a história de lutas e conquistas do movimento sindical da CUT para os bancários. A categoria está renovada em mais da metade e, portanto, nem todos conhecem essa bela história, ainda mais com a propaganda feita pelo Sindicato dominado pelo PSTU e PSol que adota a cômoda e oportunista postura de criticar a CUT o ano inteiro, mas assinar ao final da campanha a Convenção Coletiva de Trabalho negociada nacionalmente pelos bancários da CUT. Nunca ouvi falar que os dirigentes sindicais do Maranhão abriram mão da PLR conquistada nacionalmente", critica Miguel.
O diretor da Contraf-CUT critica ainda a partidarização da estrutura e o discurso sindical dos defensores da desfiliação da CUT. "Essa campanha pela desfiliação tem motivação na política partidária do PSTU e do PSol que utilizam o Sindicato mais para criticar o governo federal do que para discutir as questões dos bancários. Esse barulho não atende aos interesses da categoria bancária e leva ao isolamento dos trabalhadores do Maranhão", salienta Miguel.
"Mas quem pensa que essa situação é definitiva, engana-se", alerta o dirigente sindical. "Vamos desde já retomar a apresentação das propostas da CUT para a categoria no Maranhão. Temos com certeza as melhores alternativas e todas as conquistas dos últimos 30 anos tiveram a CUT como protagonista. Nossos militantes e dirigentes da CUT na oposição irão intensificar o diálogo e o convencimento da categoria e esperamos em breve o retorno do Sindicato para as trincheiras da maior central sindical da América Latina e na quinta maior do mundo", conclui Miguel.
Fonte: Contraf-CUT

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