Desemprego vai a 5,5% e salário bate recorde
Autor(es): VÂNIA CRISTINO
Correio Braziliense - 23/03/2012
Antes de se reunir com o empresariado no Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff teve, ontem, uma notícia boa e outra ruim, ambas relativas ao mercado de trabalho. A taxa de desemprego subiu em fevereiro de 5,5% para 5,7%, a segunda alta seguida. Mas, em compensação, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o rendimento médio dos trabalhadores atingiu o maior valor em 10 anos, ao cravar R$ 1.699,70. Em relação ao primeiro mês do ano, os salários aumentaram 1,2%. Na comparação com fevereiro de 2011, o salto chegou a 4,4%.
"Mesmo com o desemprego subindo um pouquinho, temos de comemorar. Com os salários em alta, os trabalhadores mantêm a sensação de bem-estar e se animam a consumir, ponto importante para que a economia recupere o fôlego nos próximos meses", disse um assessor do Palácio do Planalto. "Um mercado de trabalho forte é o melhor aliado que um governo pode ter", acrescentou. Os analistas ressaltam, porém, que a tendência, daqui por diante, é de o índice de desocupação continuar apontando para cima, reflexo do ritmo mais fraco da atividade e, sobretudo, da fragilidade da indústria.
Segundo o gerente da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, a taxa de desemprego só voltará a cair quando a economia se aquecer novamente. "O nível da atividade ainda não está forte o suficiente para voltar a gerar postos de trabalho como nos últimos anos e absorver a população desocupada. Pela série histórica da pesquisa, é possível que tenhamos um quadro melhor no segundo semestre", observou. No seu entender, a elevação de 0,2 ponto percentual na taxa de janeiro para fevereiro decorreu, principalmente, da dispensa de empregados temporários. "Tudo indica que teremos um índice de desocupação maior em março, porque a demissão de provisórios tende a continuar. Como o carnaval foi no fim de fevereiro, esse movimento pode ter sido adiado", disse.
Especificamente na área metropolitana da São Paulo, o desemprego aumentou mais (de 5,5% para 6,1%), segundo o IBGE, por causa da indústria, que sofre com os importados, como no segmento de bicicletas. Não à toa, o governo está tão empenhado em dar incentivos para o setor. Essa região é considerada prioritária por Dilma, devido às eleições municipais. O PT, partido da presidente, sonha em vencer as eleições na capital paulista. Mas com as demissões em alta, a meta pode ficar comprometida.
Aquém das expectativas
Apesar da alta, a taxa de desemprego de fevereiro ficou abaixo da expectativa do mercado, que apostava num índice de 5,9%. " Um avanço já era esperado por conta da fatores característicos (sazonais) do período", disse o economista-chefe do Bradesco, Octavio de Barros. Pelas suas contas, o índice médio de desocupação neste ano será de 5,5%. Para o Banco Santander, desemprego abaixo de 7% no Brasil é um bom sinal.
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